Em Chapada do Norte, município do Alto Jequitinhonha, região nordeste de Minas Gerais, artesãos e artesãs das comunidades quilombolas de Gravatá, Cuba, Poções e Faceira transformam o couro de boi e a palha de milho em peças de mobiliário de singular expressão. São bancos, tamboretes, cadeiras e namoradeiras, todos feitos por meio de técnicas tradicionais de marcenaria, trançado e pigmentação natural. O processo de tratamento desses materiais, em especial o couro, é longo e trabalhoso, exigindo do artesão domínio das técnicas e longas horas de dedicação.

O couro também é utilizado na confecção de tambores e caixas de percussão, que guardam estreita ligação com as festas em devoção a Nossa Senhora do Rosário. Seguindo uma tradição que remonta ao século XVIII, a atividade, sobretudo masculina, envolve as mulheres no preparo do fio de algodão para as cordas que amarram o tambor, os filhos no transporte da madeira e um artesão com habilidade para a afinação do instrumento.